A conturbada política nacional repercutiu na Associação. Cindida em dois grupos antagônicos, a campanha para eleição da diretoria e do conselho fiscal daquele ano foi polarizada e concorrida. Em outubro, contudo, pouco antes do pleito, os grupos se uniram numa chapa de conciliação, que garantiu a presidência para Lauro Guimarães. As reuniões da diretoria voltaram a se realizar na sede da Procuradoria-Geral, na Rua Riachuelo. Os primeiros desafios da nova diretoria eram a reforma dos estatutos, discutida há anos, e uma solução para a situação deficitária da Caixa de Pecúlios.
O Dr. Lauro Pereira Guimarães foi nomeado Procurador-Geral em março de 1971, acumulando a chefia da Instituição com a presidência da Associação. O bom trânsito nas instâncias administrativas contribuiu para fortalecer o Ministério Público no Rio Grande do Sul. Na mesma época, três associados ocupavam cadeiras na Assembléia: Drs. Lidovino Fanton, Antônio Carlos Rosa Flores e João Carlos Gastal.
Em maio de 1971 foi alvitrada pela primeira vez a criação da Confederação das Associações Estaduais do Ministério Público, em Congresso realizado na cidade de Ouro Preto. O anteprojeto de estatuto da CAEMP foi elaborado pela delegação gaúcha.
Em dezembro de 1971, os associados participaram ativamente do I Congresso Nacional do Ministério Público, em São Paulo, que teve Lauro Guimarães por orador oficial. Esse evento foi significativo por situar o Ministério Público no leque das instituições nacionais. No mesmo ano, foi decidida a aquisição de uma sede campestre e a organização de núcleos regionais da Associação, nos quais haveria sempre um elemento responsável pela fiscalização do recolhimento das custas.
Em assembléia geral realizada em maio de 1971, foi finalmente aprovado o novo estatuto, que operou uma reforma administrativa. Doravante, apenas a presidência seria eletiva. Foram criados departamentos, cujos diretores seriam de livre nomeação do presidente. Além do Departamento Financeiro, Patrimonial, Esportivo, de Relações Públicas e Social, as novidades ficaram por conta do Departamento Cultural, que ganhou atribuição de promover o aprimoramento de natureza técnica dos associados, bem como de incentivar os estudos históricos e sociológicos sobre o Rio Grande do Sul; do Departamento de Assistência Pessoal, que deveria dar apoio individual aos promotores; e do Departamento de Coordenação de Cursos, que assumiu a responsabilidade pela promoção dos cursos.
Em 1972, foi retomada com vigor a luta pela equiparação salarial à Magistratura. Desenrolou-se uma dura e longa negociação com o governo do Estado.
A partir de 1973, as reuniões da Associação passaram a ocorrer na nova sede da Procuradoria-Geral de Justiça, na Av. Borges de Medeiros nº 992. Nesse ano, foi também retomada a edição da Revista, paralisada desde 1951. Em nível nacional, a Associação participou do II Congresso Nacional do Ministério Público, realizado em Guarapari, no Espírito Santo.
O ano de 1974 foi muito significativo na história da entidade, pois Porto Alegre foi sede do III Congresso Nacional do Ministério Público. Organizado pela Associação, sob a coordenação-geral de Ladislau Röhnelt, o evento teve grandiosa abertura nos salões do Leopoldina Juvenil, com um concerto da OSPA, sendo prestigiada por inúmeras autoridades civis e militares. Dentre as diversas teses, já se posicionava a Instituição acerca de seu papel no âmbito não-criminal, face o novel Código de Processo Civil, ensaiando os passos em direção às atribuições de tutela dos interesses sociais e individuais indisponíveis que iria finalmente ver definidas na Constituição que adviria no ano de 1988. A Associação, por meio do então Deputado Federal Amaral de Souza, garantira no Congresso Nacional a aprovação de algumas emendas que fortaleciam o Ministério Público no Código de Processo Civil.
Ainda naquele ano, os estatutos da Associação foram novamente modificados, de sorte a impedir o acúmulo de cargos na diretoria da entidade e na Procuradoria-Geral. Além da luta pela equiparação salarial, deflagrou-se campanha para que as promoções de promotores fossem feitas apenas por antigüidade. Foram criados novos departamentos, como o Jurídico, o de Obras e o da Sede Campestre. Em 1976, a presidência da Associação foi assumida pelo Dr. Augusto Borges Berthier, que permaneceu no posto até 1978.
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Gunter Axt, doutor em História Social pela USP e consultor do Projeto Memória do Ministério Público.