A adoção de parcerias com os governos federal e estadual do Rio de Janeiro vêm auxiliando o Ministério Público fluminense no enfrentamento do crime organizado. A receita é do procurador-geral de Justiça daquele Estado, Cláudio Soares Lopes, que nesta sexta-feira conversou com promotores, procuradores e estudantes de Direito do Rio Grande do Sul, no Palácio do Ministério Público, em Porto Alegre.

No encontro, promovido pela AMP/RS, Lopes revelou as circunstâncias que fizeram do Rio de Janeiro um Estado refém dos criminosos e as medidas que a Instituição vem adotando, principalmente a partir do início do ano, quando assumiu o comando do MP. Acompanhado pelo presidente da AMP/RS, Marcelo Dornelles, e do subprocurador-geral para Assuntos Institucionais, Luiz Carlos Ziomkowski, o chefe da Instituição fluminense explicou: “A geografia do Rio, com favelas incrustadas no coração da cidade, próximas a bairros nobres, e a omissão do Poder Público nos últimos 20 anos favoreceram a ocupação desses espaços pelo tráfico. Algumas dessas áreas foram devolvidas às comunidades por milícias armadas, mas que depois passaram para o lado do crime. Estamos tentando enfrentar esse poder paralelo, que é mais nefasto que o próprio tráfico.





Para conseguir fazer frente aos bandidos, o MP vem se atualizando e capacitando seus agentes. Entre as ações estão cursos de inteligência, inclusive em parceria com a Embaixada dos Estados Unidos. Segundo Cláudio Lopes, agentes do FBI têm treinado promotores fluminenses para tratar de casos de lavagem de dinheiro e pedofilia. O uso da informática na investigação e técnicas de inteligência também têm sido tema dos federais norte-americanos nas abordagens aos membros do MP do Rio. “Entendemos que é preciso unir esforços com diferentes instituições para obter melhores resultados contra o crime. As Polícias Civil, Militar e Federal, o Ministério Público Federal e a Secretaria Nacional de Justiça são parceiros que têm nos auxiliado muito.”

Lopes revelou ainda que entre as medidas que vêm sendo adotadas pelo MP fluminense há um componente importado do Rio Grande do Sul. A exemplo do que foi implantado aqui, a Instituição daquele Estado deverá lançar seu Plano de Gestão Estratégica, otimizando o trabalho dos servidores, promotores e procuradores. “Para completar, pretendemos institucionalizar a atuação de forma integrada, fazendo com que a comunicação entre os colegas e os diferentes órgãos que têm suas atividades ligadas à defesa da sociedade seja mais eficiente”, disse Lopes.

O procurador alertou ainda para a necessidade de o Rio Grande do Sul estar alerta para o surgimento de milícias. “Quando esse tipo de crime começa a ser reprimido em uma região, a tendência é de que os bandidos migrem para outros lugares. Ou ainda, ao perceber que é um bom negócio, podem criar grupos similares pelo país. Serviços de inteligência são fundamentais para se antecipar a essas ações”, concluiu.





 

Ao final, o presidente da AMP/RS agradeceu pela oportunidade de conhecer o trabalho feito no Rio e pela qualidade do depoimento de Lopes. “Tivemos um relato muito proveitoso, que nos serve de alerta e de exemplo para o futuro”, disse Dornelles.