Pouco antes de atuar em seu último julgamento no Tribunal do Júri de Porto Alegre, o promotor de Justiça Marcelo Roberto Ribeiro protagonizou uma cena emocionante. Ele entregou a beca que honrou com ordem e disciplina durante 18 anos para a filha Gianandrea. A primogênita de quatro filhos graduou-se em Direito e se prepara para seguir os passos do pai na carreira. Ribeiro, ao lado da colega Juanita Rodrigues Termignoni, deverá ser empossado como procurador de Justiça na próxima quarta-feira (16/11). Recém promovido por antiguidade, há 15 anos Ribeiro recusou a promoção por merecimento. “Por amor ao Tribunal do Júri, preferi continuar como promotor”, justifica o mato-grossense de 57 anos, que cresceu no Rio de Janeiro e acabou escolhendo o Rio Grande do Sul para morar devido a um problema de saúde de sua mãe – ela precisava viver em um local de predominante clima frio.

Já desde criança e ao contrário do irmão espoleta, o garoto Marcelo sempre manifestou afeição pela ordem e disciplina. “Como meu pai dizia, eu era um legalista e, sem saber, já defendia os princípios pelos quais o Ministério Público zela: a ordem e a disciplina social”, afirma Ribeiro. O sentimento consolidou-se a partir da convivência com o promotor do Rio de Janeiro Emerson de Lima, vizinho da família em Copacabana. Já aos 12 anos, Ribeiro começou a assistir aos julgamentos de Lima.

Então, ao entrar para a Universidade do Estado da Guanabara – hoje, Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) –, ele já tinha consciência de que não iria advogar. “Sabia que só poderia me realizar pessoal e profissionalmente no MP”, define. Na faculdade, Ribeiro conta, orgulhoso, que foi aluno de um dos papas do Direito Penal, Roberto Lyra, na última turma antes da aposentadoria compulsória do mestre. A atuação como monitor de Heleno Cláudio Fragoso na disciplina de Direito Penal também foi determinante na trajetória de Ribeiro, que acabou indicado, ainda no terceiro ano da universidade, para trabalhar no escritório do renomado Heráclito Sobral Pinto.

Devido à mudança para o Rio Grande do Sul, Ribeiro deixou de ser promotor no Rio de Janeiro, fez concurso e ingressou no MP gaúcho. Começou em Candelária, passou por São Borja, Tramandaí, Osório, Torres, Erechim, Rio Pardo, Santa Cruz do Sul, Canoas e Porto Alegre, onde atuou em mais de mil júris.

Ao longo das últimas três décadas, Ribeiro ainda desenvolveu a atividade como professor de Direito e Processo Penal, ajudando a formar alunos na Unisinos, ESMP e, atualmente, no Centro de Estudos Jurídicos (Cejur). “Da minha atuação no magistério, destaco o recebimento, em 2004, da medalha Iuris Sapientia, que a ESMP concede aos mestres que mais contribuíram para seu sucesso e bom nome, e o orgulho de haver sido professor de Direito Penal da maioria dos promotores de justiça do Estado, dentre os quais, o eminente procurador-geral de Justiça, Roberto Bandeira Pereira”, diz Ribeiro.

Designado para desempenhar funções na área criminal, as perspectivas do procurador são de dar seguimento ao combate à criminalidade, a luta pela qual se empenha há mais de 30 anos.  

Leia o discurso proferido pelo promotor Marcelo Ribeiro no seu último julgamento (8/11)   

Fotos: Site do MP