O presidente Luiz Inácio Lula da Silva mirou no crack ontem durante entrevista a uma rádio em Aracaju (SE). Lula declarou que está sendo formatado um acordo com a Bolívia para o controle das fronteiras e que haverá um “mutirão nunca antes visto” para combater a droga.

Na entrevista à rádio FM Sergipe, o presidente comparou a droga a uma “praga, uma espécie de peste bubônica”. Como medida prática, garantiu que fará reuniões com prefeitos, governadores e movimentos sobre como combater a epidemia do crack e de que forma atuar para fornecer tratamento aos usuários da droga.

Na capital sergipana, Lula discursou e fez referências ao combate ao uso do entorpecente, durante uma cerimônia de entrega de unidades habitacionais:

– Estamos fazendo uma quantidade de coisas (de programas) separadas entre si e tomamos a decisão de unificar todas as possibilidades de políticas públicas do governo federal para construirmos, junto aos poderes estaduais e municipais, uma proposta de enfrentamento a essa questão do crack na vida da sociedade brasileira.

Governo lançou plano de R$ 410 mihões em maio

O governo federal lançou em maio um plano de R$ 410 milhões para o combate à droga. O objetivo do Plano Integrado de Enfrentamento ao Crack é atuar em três frentes: prevenção, combate e tratamento. Entre as ações do plano estão o treinamento de profissionais da área de saúde, educação e assistência social para atender os dependentes e as famílias e alertar sobre os riscos do uso da droga.

Uma missão do governo definida no plano de combate à droga é dobrar o número de leitos para atendimento a dependentes.

Lula foi a Aracaju para entregar 18 novos ônibus do projeto Caminhos da Escola, inaugurar um conjunto habitacional na periferia da capital sergipana e assinar a ordem de serviço das obras de duplicação da BR-101.

O presidente Lula não fez comentários sobre uma recente declaração do pré-candidato à Presidência da República do PSDB, José Serra, a respeito do consumo de crack no país. Serra disse que o governo boliviano de Evo Morales é cúmplice da exportação de drogas para o Brasil.

O que prevê o plano federal de ação

- Investimento de R$ 410 milhões (em 2010)

- Ampliação de 2,5 mil para 5 mil os leitos em hospitais para tratamento de dependentes no país

- Transformação de 110 unidades especializadas em álcool e drogas, em municípios com mais de 250 mil habitantes, em centros que funcionarão 24 horas por dia

- Construção de 11 postos de fronteira com policiais especializados em detectar crimes de contrabando e tráfico de drogas

- Treinamento de profissionais na rede pública de saúde e assistência social para atender os usuários e a família

- Estudos em conjunto com universidades e centros de pesquisa sobre os efeitos da droga e seus efeitos econômicos



Fonte: Jornal Zero Hora, 11 de junho de 2010