MPF amplia investigações sobre <br> operações de lavagem de dinheiro
O Ministério Público Federal (MPF) vai aprofundar as investigações em torno do Banco Rural. O procurador-geral da República, Antônio Fernando de Souza, decidiu ampliar o foco da apuração para esclarecer supostas operações de lavagem de dinheiro realizadas com a ajuda da instituição financeira nos últimos anos. A atenção estará voltada especialmente às transações relacionadas a políticos e grandes empresas que não participaram do valerioduto.
Até agora, as investigações estavam concentradas nas operações do empresário Marcos Valério. Porém, documentos apreendidos pela Polícia Federal demonstram que o Rural conhecia a identidade dos sacadores do "mensalão", mas informou ao Banco Central (BC) apenas que os saques destinavam-se ao pagamento de fornecedores. Além de emitir comunicados intencionalmente incompletos, a instituição teria deixado de comunicar ao BC as movimentações muito suspeitas de seus clientes.
Os procuradores investigam 9.702 comunicados de operações com indícios de lavagem de dinheiro enviados pelo Rural ao BC a partir de junho de 2003, que envolvem saques em espécie superiores a R$ 100 mil. A documentação do MPF e as auditorias do BC constam do inquérito do "mensalão", mas como extrapolaram o foco da investigação do valerioduto, foram remetidas a outra equipe de procuradores para apuração.
Entre as transações financeiras consideradas suspeitas, várias foram feitas diretamente ou por meio de empresas ligadas a parlamentares. O deputado João Lyra (PTB-AL), pré-candidato ao governo de Alagoas, desponta com saques no total de R$ 810 mil, entre outubro e novembro de 2004. A assessoria de Lyra confirmou o dado, mas garantiu que se refere a gastos pessoais, declarados à Receita Federal. Os parlamentares citados pelo Rural negam as irregularidades, mas admitem que costumam fazer grandes retiradas, apesar de haver um único registro no banco.
Fonte: Jornal Correio do Povo