O Projeto Alquimia - Transformando Caça-Níqueis em Inclusão Social, está implantado em Santo Ângelo. O termo de cooperação que institui a parceria entre o Ministério Público e a ONG SOS Vida foi assinado na manhã desta quinta-feira (19), na Promotoria de Justiça. Com a iniciativa, máquinas caça-níqueis apreendidas no município e na região serão encaminhadas à comunidade terapêutica mantida pela entidade, onde, em oficinas de montagem de móveis e informática, serão transformadas em peças de artesanato, mobiliário e computadores pelos residentes que estão em tratamento contra a dependência química.

O projeto será coordenado pelos promotores Carlos Augusto Cardoso Moraes e Rosangela Corrêa da Rosa. Em sua manifestação, Moraes destacou que a prática dos jogos ilícitos é extremamente danosa. Exaltou, por isso, a relevância do Alquimia. "Muitos contraventores encontram estratégias para burlar a lei. O que nos resta fazer é, além de combater a prática, pegar esses instrumentos da ilegalidade e utilizar em uma ação que beneficia a sociedade, que auxilia no tratamento da drogadição, que possibilita aos jovens aprenderem um ofício e que vai gerar inclusão social", disse.

Segundo o procurador-geral de Justiça, Eduardo de Lima Veiga, a união da comunidade, organizada em rede, no pleno exercício da cidadania, como ocorre em Santo Ângelo, é importante ferramenta para garantir a dignidade das pessoas, objetivo fim da atuação do Ministério Público. "Com a implantação deste projeto, estamos, juntos, implementando o artigo primeiro da nossa Constituição, que diz que a cidadania e a dignidade da pessoa humana são os princípios fundadores da nossa República", finalizou. A solenidade finalizou com a entrega de produtos produzidos a partir do projeto Alquimia e com a apresentação de uma esquete de teatro de bonecos e de uma banda musical, formada por residentes da comunidade terapêutica SOS Vida.

Estiveram presentes na solenidade o vice-prefeito de Santo Ângelo, Adolar Queiroz; o presidente da Câmara de Vereadores, Fernando Diel; o presidente da Associação do Ministério Público (AMP), Victor Hugo Palmeiro de Azevedo Neto; o secretário-geral do MP, Julio Cesar Finger; a chefe de gabinete do PGJ, Isabel Birdigaray; a promotora-assessora da Secretaria dos Órgãos Colegiados, Marília Goldmann; os promotores de Justiça de Santo Ângelo Rosangela Corrêa da Rosa, Paula Regina Mohr, Hélder Müller Estivalete, Júlio César Maggio Stürmer, Flávio Eduardo de Lima Passos, José Garibaldi Evangelho Simões; os promotores de Cerro Largo, Gustavo Burgos de Oliveira; de São Luiz Gonzaga, Belmiro Welter; de Porto Xavier, Rafael de Azeredo; de Guarani das Missões, Gustavo Ferrari; e de Giruá, Ana Paula Mantay.

PROJETO ALQUIMIA

Segundo o coordenador estadual da Força-Tarefa de Combate aos Jogos Ilícitos, José Francisco Seabra Mendes Júnior, já são nove cidades gaúchas a aderirem oficialmente ao projeto Alquimia, iniciativa que começou em Porto Alegre em 2008. "Na visão dos antigos alquimistas, a grande obra era a transformação. O projeto Alquimia pretende ser também uma fonte de conversão, de cidadãos sem muitas perspectivas em pessoas incluídas na sociedade".

Atualmente, o material das máquinas caça-níqueis é utilizado em oficinas de marcenaria, informática e robótica promovidas por parceiros do Ministério Público. As peças produzidas a partir do equipamento são destinadas gratuitamente a entidades que necessitem do material e na montagem de telecentros, com foco na inclusão digital.

Somente nos primeiros quatro meses deste ano, a Força-Tarefa de Combate aos Jogos Ilícitos apreendeu 3,5 mil máquinas caça-níqueis. A estimativa é que até o final do ano o número ultrapasse o total de apreensões realizadas em todo ano passado, que chegou a sete mil.